quarta-feira, 26 de abril de 2017

Tudo era diversão!

A ciência mudou bastante, facilitando bastante a nossa vida. As vacinas ficaram mais acessíveis e os medicamentos se tornaram mais fáceis de ingestão, além de mais baratos. Atualmente, basta uma receita médica para obter a cura de muitas doenças. No meu tempo, eram as ervas, os chás que aliviavam as dores. E, aquele amargor deveria ser engolido de uma só vez, com o nariz tapado para não sentir o gosto horrível de ovo podre. Não raro vomitávamos o medicamento, nos obrigando a repetir a dose.
Meu irmão, Tonho, parceiro em tudo
Como nos dias de hoje, também tínhamos que tomar vermífugo, a cada semestre, mas a situação era pior porque os comprimidos eram muito grandes, grossos, amargos e difíceis de engolir. E, uma vez no estômago, o gosto vinha à boca, subindo pelo esôfago, o dia todo. Após a ingestão do produto, seu efeito causava um reboliço na barriga e então, corríamos para o banheiro (privada, na época) e os vermes eram liberados, vivos, causando uma sensação tão pavorosa que até hoje me intriga como aquela bicharada pode ficar dentro de um corpo humano.  
Lote do que sobrou da nossa casa, em Divinópolis (MG)
Apesar do gosto ruim, eu não tinha dificuldades, como meu irmão Tonho, de tomar o medicamento. Eu tapava o nariz e imaginava que estava chupando bala, que naquele tempo era artigo de luxo. Mas, ele chorava ao ver o medicamento e fazia vômito com o cheiro. Para ajudá-lo, eu ia conversando, fazendo graça, mas por vezes eu causava ainda mais raiva e minha mãe perdia a paciência e enfiava aquele remédio na garganta do meu irmão. Depois, para provocá-lo, eu corria pelo quintal, me escondendo nas árvores, chamando-o de Maricas, numa diversão que resultava em brigas e risadas. Éramos muito unidos e um sempre ajudava o outro. E, assim como toda criança, tudo termina em alegria. O mundo mudou para melhor, há mais comodidade, mais conforto, mais facilidade. Mas, quem poderia imaginar que vermífugos pudessem causar tanta saudade?

Beijos a todos,

Paulo José (Pulino, vovô Paulo, tio Paulo)


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