quarta-feira, 24 de julho de 2019

Amor de mãe!

Nestes tempos frios não há como não lembrar da minha mãe, uma mulher emblemática e misteriosa mas, ao mesmo tempo tão carinhosa. Relembrá-la é um modo de dizer que ainda a amo e que a distância entre nós dói a cada dia mais, desde que ela partiu para sempre.  Tê-la comigo, na mente e no coração, é um gesto  de amor àquela que tanto me faz ensinou e que tanta falta faz. Tenho saudades dos tempos de infância, quando meus pequenos problemas só acalmavam 1uando meus cabelos eram afagados por ela. Sinto falta do seu cheiro, do seu toque, do seu abraço, da cantina de ninar que cantava para mim todas as noites. E me sinto desamparado, pois não a tenho mais para me defender de outras crianças da rua, quando elas se juntavam para me bater. Tenho saudades da simplicidade da minha vida, da siesta depois do almoço e do caldo de milho como sobremesa. 
Minha mãe talvez não tenha sido tão bonita como eu imagino. Alta e magra até o fim da vida, ela em nada se parecia com outras mulheres do seu tempo, que ganhavam peso à medida em que tinham seus inúmeros filhos. As mães fazem parte do imáginário dos filhos de uma forma mágica e despretensiosa. Com lentes de aumento lotadas de amor, tudo o que enxergamos são braços fofos prontos a nos acarinhar, e um coração muito vermelho, que cabem muitas pessoas. Não vizualizamos suas rugas ou pele flácida. Numa aura de luz, percebemos aquele ser humano como um ser especial, criado por Deus especialmente para nós, filhos gratos. E por isso sofremos tanto quando elas se vão para sempre, nos deixando desamparados para o resto de nossos dias. 
Não há uma data especial para que eu escreva sobre a minha mãe. O que me levou a relembrá-la, com tanta saudade, foi o tempinho gostoso, que me remeteu ao passado, num piscar de olhos. Da varanda, assistindo o sol se pôr, sinto seu cheiro, percebo o seu abraço. Contenho o meu choro, limpo o rosto. Ela não está aqui. Fisicamente. Emocionado, repito o que sempre disse quando ela demonstrava o seu amor por mim: "Também te adoro, Mãe"! E sempre vou te amar!

Paulo José da Silva