terça-feira, 16 de maio de 2017

Ah, essas mulheres!!

Domingo passado foi comemorado o Dia das Mães e nada mais justo do que eu deixar aqui as minhas homenagens à estas mulheres que fazem tanta diferença nas nossas vidas. São tantas atribuições em seu dia-a-dia, que minha mente não consegue acompanhar: almoço para a família, mamadeira para os filhos, trocas de fraudas ou de roupas para as crianças, arrumar a casa, passar e lavar roupas e ainda.. conversar ao telefone, bater um bolo, e trabalhar fora. Ufa! Nós, homens, não temos esta capacidade de diversificação nas tarefas. Fazemos cada coisa de uma vez e demoramos horas em uma mesma atividade. Já reparou como ficamos o dia inteiro consertando ou lavando o carro? Já percebeu que separamos o sábado, ou o domingo, apenas para nós, sem se importarmos com o resto?
Não se trata de egoísmo masculino, mas de não conseguirmos mesmo executar tanta coisa ao mesmo tempo. Ainda fico impressionado como uma mulher consegue mexer a comida nas quatro trempes do fogão e ainda observar um assado no forno. E cada qual com sua colher separada. Ela ainda prova um pouquinho de cada um, tempera daqui e dali, enquanto o prepara o suco do filho até que o almoço fique pronto. Por mim, eu faria um mexidão e tá tudo certo. Arroz, ovo, feijão e carne, tudo misturado. É mais rápido e fica uma delícia. Mas, as mulheres não gostam desta facilidade. Elas precisam de detalhes. Tudo porque são observadoras, reparam em tudo, exigem o melhor, desde o sabor dos alimentos, à sua apresentação à mesa. Lindas demais.
Se as mulheres são tão fantásticas, Deus ainda as possibilitou darem à luz. Só elas sabem o que significa gerar uma pessoa dentro de si. Mesmo que sejamos pais participativos, acompanhemos cada detalhe da gravidez, não saberemos, jamais, o que é ter  o peso da barriga, os enjôos, os desejos mais estranhos, o corpo todo revirado por causa dos hormônios, e um bebê que se mexe em seu ventre. Bonito demais para ser verdade. A maternidade, a meu ver, é a melhor fase da mulher, em que ela se modifica totalmente, em seus gostos e aparência física, em prol de outra pessoa. Não há amor maior, porque o filho faz parte dela, de suas entranhas, de sua alma. Ela gerou, ela protege, a mulher mata e morre pelo seu rebento!
Minha família é de maioria feminina e acompanhei, de perto, minha esposa e filhas grávidas e cuidando depois de seus filhos, dando à eles proteção e alimento. Sempre me coloquei à disposição para ajudá-las na criação das crianças, mas sem mim elas são ainda melhores, porque somente as mães entendem o choro de seus filhos, quando é de dor ou de falta de atenção. E vi outras mulheres da família, também maravilhosas com seus filhinhos amados, se tornando leoas, prontas a defender suas crias. Maria José, Margarida e Zinha, cunhadas dedicadas quase que exclusivamente aos filhos. Não posso me esquecer da satisfação quando soube, na época, que me dariam sobrinhos. E que maravilhoso saber que todos se deram bem na vida, hoje têm família, trabalho e também são pais e mães fantásticos. Resultado de uma criação primorosa. Minhas sobrinhas Diane e Daniella, lindas por fora e por dentro, me impressionam também pela dedicação aos filhinhos queridos.
E o que dizer da minha mãezinha, que há tempo se foi para o outro mundo? Tanta dedicação, tanto amor, tanto ensinamento. Brava, mas ao mesmo tempo tão carinhosa, dava a entender que cada filho era seu preferido e colocava um apelido carinhoso em cada um de nós. Sua comida e seu afeto não podem ser substituídos. E eu, que tantas vezes fiquei do seu lado quando ela precisou, sinto muita falta de não ouvir mais sua voz, de sentir o seu cheiro, de elogiá-la pelo vestido novo (sempre o mesmo, de domingo). Sinto um aperto em não tê-la comigo, me fazendo um cafuné quando ía visitá-la. Em seu colo eu adormecia enquanto ela me acalantava, dizendo sobre a saudade enorme que tinha de mim. 
Minha mãe se foi quando poderia ter ficado mais tempo conosco. Me senti desolado, mesmo já adulto, com família formada, meu coração se despedaçou e ficou um buraco jamais fechado. Achei injustiça, confesso. Deus não poderiam levar para Si, nossas mães, nos deixando órfãos de um sentimento que nunca é substituído, por mais amor que tenhamos. Dona Maria Augusta, minha mãezinha, quanta falta a senhora me faz. Até suas broncas eu gostaria de ouvir novamente. Tenho ainda guardado alguns botões de seus vestidos de chita. Me trazem um pouco de você e me levam para perto daquela mulher que mais amei na vida. Quanto amor, quanta saudade da minha querida mamãe. Onde a senhora estiver, saiba que meu amor continua e nunca se apagará. À todas as mães do mundo, meus sinceros elogios. Vocês são demais! Mesmo que errem na educação de seus filhos, acreditem: eles jamais as esquecerão.


Beijos carinhosos,

Vovô Paulo José

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Jacaré estragado! Urgh!!

Eu comecei a trabalhar ainda na infância, ajudando o meu pai na marcenaria, fazendo e consertando móveis, sem receber nada por isso. Todo o dinheiro arrecadado com o serviço era utilizado em nossa casa para pagar as despesas, que já naquela época eram tão altas. Nossa família era grande e muitas bocas deveriam ser alimentadas, por isso eu e meus irmãos acabamos vivenciando tantas dificuldades financeiras. Já na juventude, mal tínhamos dinheiro para um cinema com as meninas, e para passar o tempo íamos fazer o footing na igreja matriz de Divinópolis, indo e voltando, trocando olhares com as meninas mais bonitas da cidade. Raramente a paquera dava lucros maiores do que isso, mas há algumas décadas, o flerte era o que existia de mais ousado!
E eu fui muito namorador. Com aparência de alemão - loiro e olhos azuis - eu conquistava muitas garotas e cheguei a sair com algumas delas. E nem as primas escapavam, embora eu não as desrespeitasse. Me lembro de uma, morena, sobrinha distante do meu pai, que se engraçou por mim. Ela permitiu que eu avançasse o sinal um pouco, mas ficou só nisso, porque ela era virgem e eu não queria me casar, mas apenas curtir, como dizem hoje em dia. Ela então tomou raiva e alguns anos depois se casou com um homem bem mais velho do que ela, e não sei se foi feliz. 
Neste teretetê, acabamos nos decepcionando quando ficamos perto da menina com quem paqueramos na praça, sendo que geralmente elas andavam em duplas ou em grupos. Certa vez me engracei por uma beldade, baixinha, mas com curvas de deixar um rapaz louco de paixão. Após sorrisos e olhares a convidei para assistir um filme e ela aceitou. Marcamos um encontro em frente ao cinema e não deixei perceber as moedas que contei para pagar as entradas. Tímida, ela apenas sorria para mim e fazia uma carinha de inocente, mas que conhece as artimanhas da sedução, eu enlouqueci e tudo o que eu sonhava era lhe beijar e isso demorou. Até que o lanterninha nos deixou em paz e me arrisquei a lhe beijar. Foi quando eu arrependi enormemente. A menina tinha um hálito horrível, um cheiro de jacaré estragado, e ao menor sinal de encostar os seus lábios aos meus, ela me agarrou tanto que custei a sair. Sem ar, comecei a fazer sinal para ver se alguém me salvava daquela situação.Rapidamente o fiscal (lanterninha) chegou, bateu em minha perna e nos mandou sair, que ali era lugar de respeito! Me senti aliviado.
Do lado de fora do cinema, a garota se sentiu constrangida e vergonhosa por ter sido tão atirada e me pediu desculpas. Só fiz um sinal de que estava tudo bem e fomos andando em direção à casa dela. No meio do caminho ela conversava, conversava e conversava. Eu ficava calado, mudo, mal acreditando naquele encontro fatídico. O negócio ficou ainda pior quando ela deixou claro que seu pai era um chefe do Tiro de Guerra e muito ciumento, que faria qualquer homem se casar com ela, ao menor sinal de abuso (no caso, beijo já era perigoso)! Fingi não temer e a deixei no portão. Eu estava louco para me livrar daquela moça que além do mau-hálito, poderia complicar a minha juventude com um compromisso que eu não queria. Quando me despedi agradecendo a tarde ao seu lado, a garota se virou e tentou me beijar novamente, uma ousadia naqueles anos 50. Mas o que me arrepiava era seu bafo desagradável. Sem saída, fingi que escorreguei e me apoiei numa pedra. Minha calça (a única que eu tinha, de tergal!) rasgou no joelho e teve que ser inutilizada. Fiquei chateado, mas pelo menos me safei daquele beijo. E prometi que da próxima vez, só sairia com outra garota, após uma longa conversa, para me certificar de seu hálito!


Abraços 

Paulo José

Isso sim é solidariedade!



Num sábado chuvoso, me desencontrei com a minha filha e resolvi, então, dar um passeio na praça, até que ela voltasse para casa, mas rapidamente os pingos de chuva se transformaram numa tempestade e me escondi numa marquise. O frio tomava conta dos meus braços, quando ouvi um chamado de uma mulher, me convidando para me proteger em sua casa. Educadamente, agradeci e fiquei na varanda, mas ela insistiu para tomarmos um café com pão de queijo e pastéis. Sem entender direito, mas não querendo magoá-la, aceitei o lanche, que estava delicioso.
Durante o temporal, ficamos conversando e em poucos minutos aquela mulher me contou sobre sua vida, da infância à vida atual. As coincidências entre mim e ela eram grandes, como a minha profissão de marceneiro, que também era de seu pai, e a idade dela com a de uma das minhas filhas. Mas, apesar de o papo estar excelente, eu quis embora porque fiquei meio constrangido por estar sendo tão bem tratado por alguém que não me conhecia e que me colocou para dentro de sua casa.
Após o café e muita conversa, decidi que realmente era hora da despedida. Ao sair, aquela mulher me deu um abraço caloroso, como quem mata as saudades de um grande amigo e me desejou boa sorte na vida. Fiquei impressionado com tanta gentileza, no mundo de hoje, em que o medo domina as pessoas e as faz mais geladas do que antigamente. Me surpreendeu aquela situação e saí daquela casa impecável, com a sensação de que os anjos aparecem em nossas vidas de uma hora para outra, sem aviso. Eu estava com frio, ensopado, faminto, quando fui chamado por uma desconhecida que se colocou no meu lugar, numa empatia que há muitos eu não via. Isso é a verdadeira solidariedade, que não exige do outro, favores ou gratidão eterna. Trata-se de uma gentileza e amabilidade sem tamanho. Um sentimento que vem de dentro para fora, sem publicidade, sem interesses. São pessoas assim que nos fazem pensar que a vida vale a pena. 

Paulo José (tio Paulo, vovô Paulo, Pulino)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Bôdas de um amor infinito!

Na semana passada, minha filha caçula, Gisele, comemorou 25 anos de casamento com o Fernando, um genro querido, que desde que entrou para a família, meio despretensiosamente, agradou pela inteligência e segurança na fala, sendo ainda um garoto, na época. Eu, como todo pai zeloso, desconfiei no início de que algo sairia daquela relação com dois jovens apaixonados que não se largavam. Meu ciúme ficava embutido, quando chegava do serviço e os via, muito abraçados, muito grudados, no alpendre da nossa casa. De vez em quando, com o tempo, ele passou a dormir nos finais de semana, dividindo o mesmo quarto com a Gisele, sob meus olhares desconfiados. Quando tentava impedir, eu era repreendido pela minha esposa, Sirlene: - Eles estão em camas separadas, para de bobagem!
Com minha esposa, Sirlene
Sempre acreditei que os namoros das minhas filhas não vingariam porque na verdade eu preferia que elas ficassem em casa, ao invés de se casarem. O casamento é muito bom, mas ter os rebentos embaixo das nossas asas é sempre mais reconfortante. Eu e minha esposa nunca impedimos que as meninas namorassem, como fazem tantos pais e mães. Sabíamos que elas tinham consciência de seus atos e que uma relação não é brincadeira, principalmente quando envolvem filhos. E, curiosamente, aquele namorico inicial, da Gisele com o Fernando foi muito sólido e acaba de completar Bôdas de Prata. 
A data merecia mesmo uma comemoração e a festa na casa deles foi muito linda, com convidados de honra, como a família do meu irmão, Darci. Suas duas filhas lindas, Daniella e Daiana enfeitaram a casa, ainda mais animada pela alegria da minha cunhada, Maria José, que dançou, conversou e riu bastante. Minhas únicas sobrinhas, charmosas, carinhosas e simpáticas, enfeitaram a pista de dança, com seus sorrisos largos e perfeitos. Pude conversar com o Darci e esta foi a minha maior alegria, pois falamos um pouco do passado, relembrando nossos tempos de infância e juventude e o assunto merece continuação em outros encontros maravilhosos com aquele. Seu genro, Aureliano, os netos Kaiky e Guilherme e um casal de amigos, ajudou a abrilhantar a comemoração. 
Ficar tantos anos juntos, numa relação com filhos não é tarefa fácil, mas para a Gisele e o Fernando isso não é sacrifício, mas um amor estampado no rosto dos dois, desde que se conheceram, nos idos anos 80. Eles estavam lindos nas Bôdas, assim como estiveram no casamento, cuja filmagem era passada numa tela de TV, ao mesmo tempo em que transcorria a bênção do padre. Poder assistir aquele vídeo me fez rever toda a trajetória deste amor que perdura, a cada dia, ainda com mais intensidade. Quando se conheceram, eu os vigiava (na verdade, fingia, porque também conheço as artimanhas dos romances) e pude concluir que eu estava errado ao imaginar que aquela relação seria apenas um fogo de palha. Hoje, ao avaliar a família que construíram com três filhos e uma vida de parceria, fico muito feliz em saber que eu estava errado. Sim, porque os pais também erram. Imaginei que um namoro tão tórrido como aquele não duraria muito. E durou. Lá se vão 25 anos! Que venham outros 25, 45, 60. Sejam felizes, meus filhos, Gisele e Fernando e meus netos, Leonardo, Lucas e Fernanda, minha princesinha! São os votos deste velho pai e avô.

Um beijo 

Paulo José.