quarta-feira, 15 de abril de 2020

Ô inimigo chato!

O mundo parou há um mês, por causa de um inimigo invisível, o coronavírus, que segundo cientistas, teria migrado de animais para o ser humano. A doença já matou milhares de pessoas em vários países, inclusive no Brasil e por isso estamos em confinamento. Sinceramente, não gosto de ficar em casa, sem ter o que fazer e para distrair, passo os dias lendo ou fazendo atividades de marcenaria, que foi minha profissão por muitos anos até me aposentar. Ao contrário do que se possa imaginar, o confinamento é pior para os idosos do que para os jovens, estes cansados por causa dos estudos e do trabalho. Nós, não. Temos tempo suficiente e as 24 horas se tornam extensas, principalmente porque dormimos pouco e adoramos conversar com vizinhos, parentes e amigos. Mas, o coronavírus, que recebeu este nome por se parecer com uma coroa, não foi a única praga do mundo. Nos tempos bíblicos a peste negra devastou populações em questão de semanas, enquanto a peste bubônica assolou a Europa, África e Ásia no século XIV. Já no século passado, a gripe espanhola matou milhares de pessoas no Brasil, enquanto o Ebola ocasionou surtos na população africana, com alta taxa de mortalidade. E o que dizer da Aids, nos anos 80 e 90, que vitimou, principalmente jovens que acabavam de descobrir a sexualidade e tiveram que travar seus anseios por causa de uma doença avassaladora?
Com micróbios não se brinca e vira-e-mexe, aparecem novas formas de vida destes seres invisíveis a olho nu, que se proliferam com rapidez, tendo o homem ou os animais por hospedeiros, causando enormes estragos. Mas nunca, na face da Terra, todos se uniram para se proteger de uma doença fácil de contrair e difícil de curar. Enquanto cientistas e médicos de todo o mundo se ocupam do coronavírus 24 horas por dia e nas TVs não há outro assunto que não seja este, vamos nos distraindo e nos redescobrindo. Para que empresas não demitam seus funcionários, empresários fazem campanhas de redução dos salários e o governo brasileiro se comprometeu a dar uma ajuda financeira para os autônomos, por três meses. Já os artistas arrecadam dinheiro com shows em casa e cantam para os vizinhos, de graça. O fato é que nunca, no mundo, houve tanta união e criatividade. 
Ainda assim eu prefiro a rua. Gosto de sentir o vento no meu rosto através da janela do carro ou do ônibus, adoro conversar na fila de bancos ou lotéricas, conversar com vizinhos e abraçar as pessoas que amo. O coronavírus mudou o cotidiano, os hábitos e os planos. Enquanto ele não vai embora, tentamos "matar o tempo" com atividades muitas vezes esquecidas por nós, o que não é ruim, mas não é o ideal. Eu adoro inventar coisas, amo leitura, e de vez em quando relaxo assistindo TV ou cozinhando. Mas, em casa, só dá para fazer isso e é cansativo esta imposição. Uma coisa é criar porque se deseja. Outra é ser obrigado a reinventar para não enlouquecer. Que este vírus suma logo de uma vez para que os dias voltem como eram antes: agitados, com muitas tarefas a cumprir e sem tempo para realizá-las. Ô saudade de ontem...


Abraços (à distância) à todos

Paulo José