quinta-feira, 11 de maio de 2017

Isso sim é solidariedade!



Num sábado chuvoso, me desencontrei com a minha filha e resolvi, então, dar um passeio na praça, até que ela voltasse para casa, mas rapidamente os pingos de chuva se transformaram numa tempestade e me escondi numa marquise. O frio tomava conta dos meus braços, quando ouvi um chamado de uma mulher, me convidando para me proteger em sua casa. Educadamente, agradeci e fiquei na varanda, mas ela insistiu para tomarmos um café com pão de queijo e pastéis. Sem entender direito, mas não querendo magoá-la, aceitei o lanche, que estava delicioso.
Durante o temporal, ficamos conversando e em poucos minutos aquela mulher me contou sobre sua vida, da infância à vida atual. As coincidências entre mim e ela eram grandes, como a minha profissão de marceneiro, que também era de seu pai, e a idade dela com a de uma das minhas filhas. Mas, apesar de o papo estar excelente, eu quis embora porque fiquei meio constrangido por estar sendo tão bem tratado por alguém que não me conhecia e que me colocou para dentro de sua casa.
Após o café e muita conversa, decidi que realmente era hora da despedida. Ao sair, aquela mulher me deu um abraço caloroso, como quem mata as saudades de um grande amigo e me desejou boa sorte na vida. Fiquei impressionado com tanta gentileza, no mundo de hoje, em que o medo domina as pessoas e as faz mais geladas do que antigamente. Me surpreendeu aquela situação e saí daquela casa impecável, com a sensação de que os anjos aparecem em nossas vidas de uma hora para outra, sem aviso. Eu estava com frio, ensopado, faminto, quando fui chamado por uma desconhecida que se colocou no meu lugar, numa empatia que há muitos eu não via. Isso é a verdadeira solidariedade, que não exige do outro, favores ou gratidão eterna. Trata-se de uma gentileza e amabilidade sem tamanho. Um sentimento que vem de dentro para fora, sem publicidade, sem interesses. São pessoas assim que nos fazem pensar que a vida vale a pena. 

Paulo José (tio Paulo, vovô Paulo, Pulino)

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