sábado, 1 de julho de 2017

A teoria na prática é outra história!

A prioridade do ser humano é proteger o próprio corpo do frio, da fome e de ser devorado (por animais, no tempo das cavernas, e pelo próprio homem, nos dias de hoje!). E, assim que estas necessidades básicas são atendidas, passamos a buscar outras que promoverão prazer em áreas, como o cérebro e o coração. É nesta fase que vamos em busca de um amor, sexo e diversão. Mas, para um pai de família, sem muitas condições financeiras, o ideal não é matar a própria fome, mas a dos filhos e da esposa, como aconteceu comigo nos anos 70, quando vim para a capital mineira. Sem trabalho em Divinópolis, deixei lá minha família para tentar a sorte em outra cidade. Não deu muito certo porque só conseguia serviços temporários de marcenaria, morei em barracos precários e vivia solitário, pensando o tempo todo nas mulheres na minha vida.
Passeio, em família, num museu de BH
Sem a minha proteção e com muitas saudades, decidi buscá-las para assim,  dividirmos as angústias da pobreza. Não foi fácil para elas também. Minhas filhas eram muito pequenas e minha esposa não trabalhava. Com a família reunida as dificuldades se amplificaram. Passamos fome e frio, dormimos mal e não havia diversão. Aquilo não era vida. Eu ainda era muito jovem e já com tanta preocupação no cuidado com a família que formei tão cedo. Mas, é na prática que as teorias se esvaem. Minha vontade de  matar a fome se tornou secundária para dar lugar à inanição por amor. Com minhas mulheres ao meu lado eu me sentia mais seguro para tentar a sorte, ou seja, com o coração preenchido, aí sim eu poderia me preocupar com o estômago.
Hoje, quatro décadas depois, não podemos colher muitos louros desta caminhada e não somos exemplo de família perfeita, mas somos unidos. A fome, o frio e as dificuldades adversas nos uniram neste mundo sem dono. Meus filhos hoje estão formados (tive dois meninos, já em BH), minha esposa continua do lar e estou aposentado. Tive muitos sonhos e planos para mim, mas não deram certo. Talvez essas provações tenham me mostrado que a vida é simples demais. Não tenho diplomas, não conheci o mundo em viagens mirabolantes e não fiquei rico. Se eu fosse um rapaz com as necessidades básicas garantidas, com certeza eu teria alçado os voos que me prometi. Mas, não havia escolha. Acordar e ter o que comer era mais importante do que estudar. No entanto, se eu pudesse voltar atrás, se me dessem uma borracha gigante, a primeira coisa que eu faria seria apagar tudo e recomeçar a vida do zero. E assim, com uma bula, seria fácil chegar ao topo. Só não sei se seria tão feliz!


Abraços,

Paulo

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