quarta-feira, 5 de julho de 2017

O jardim e as formigas!

As vida não tem mistério e quanto mais a vemos com simplicidade, melhor sua compreensão. Os dias nada se passam com mais leveza quando temos alguma coisa para fazer ou escrever, por exemplo. Quando minhas filhas eram crianças, elas passavam a maior parte do tempo com minha esposa, porque eu trabalhava o dia inteiro, mas ainda assim, minhas noites eram para a caçula, Gisele. Muito pequenina e frágil, brincávamos de mamãe e filhinho, andando pela sala, atrás do sofá, sendo "obrigado" a fingir que estava com fome, que precisava ir à escolinha, etc. Era rotina, não havia como fugir. Ás vezes o noticiário me chamava a atenção, mas eu era logo chamado a cumprir o meu papel de filho da minha filha. E assim a noite se esvaía, me relaxando do trabalho estafante.
Já nos finais de semana eu e as meninas sempre tínhamos um programa para fazer, enquanto minha esposa ficava em casa, organizando o que durante a semana ela não conseguia. Não que nossas filhas fossem bagunceiras, mas a rotina era pesada, com comida e banho nas quatro, além de levá-las à escola e lógico, conversar com as vizinhas Zaíla e Maria Helena, grandes amigas até hoje. Juntas, elas faziam artesanato, trocavam receitas culinárias e dicas no cuidado com as crianças. Muito caprichosa, Sirlene sempre pedia que trouxéssemos para ela, ramos de flores do brejo que, para arrancá-los na beira do rio, virava uma diversão. Aquelas plantas, sem flores, viviam muito e enfeitavam as jarras por todo canto da sala. 
Mas, num destes passeios à pé com minhas filhas, no bairro Bom Pastor, em Divinópolis, a Carla e a Soraia resolveram levar formigas saúvas para casa, enroladas num pedaço de papel que sobrou da embalagem do lanche. Bem acondicionados, os bichinhos foram deixados no quintal assim que chegamos. Cansados, fomos tomar um banho e as meninas dormiram como um anjo. No dia seguinte, acordei com minha mulher xingando. Estava muito irritada com o que acontecera com suas plantas. Formigas saúvas haviam destroçado toda a plantação, deixando pelados os galhos das arvorezinhas. Era tanta formiga que elas pareciam terem saído de um filme de terror. Calado, pedi silêncio também às meninas sobre o que elas haviam trazido do passeio. As maiores ficaram quietas, mas Gisele, com seus dois aninhos, contou o segredo para a mãe: as formigas tinha sido levadas no bolso para procriarem em nossa casa. Foi o bastante para o xingamento começar. 
Depois do episódio, continuamos a passear, mas nunca mais pegamos formigas ou outros insetos para levar para casa. Hoje, passados tantos anos, não vejo mais os pais se divertindo com os filhos e fico triste em saber que o mundo mudou para pior. Mesmo com as broncas da minha esposa, eu ria demais com a descoberta que as meninas faziam. Elas não tinham culpa do estrago no jardim com as formigas, mas me ensinaram que é preciso ás vezes impedir as investidas infantis por causa dos adultos. Talvez eu veja a vida com tanto romantismo que ache graça até mesmo nas plantas comidas pelos insetos. Continuou assim: vendo tudo pelo olhar da poesia. É ele que traz leveza à vida. Não se trata de formigas, mas de experiências, aprendizado, diversão. Tudo o que as crianças amam. E eu também.



Abraços, 

Paulo José

2 comentários:

  1. Amei papai era bom demais nossa infância foi muuuuito bem aproveitada hoje em dia as crianças nem na rua podem brincar mais , te amo muuuuito viu meu herói.

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  2. Minha caçulinha, Gisele e minha netinha amada, Fernanda, obrigado pelo comentário. Amo vocês demais.

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Sou um apaixonado por leitura e me divirto escrevendo. Deixe seu comentário ou sugestões. Abraços, Paulo.