segunda-feira, 12 de junho de 2017

O amor deixado para escanteio!

Sempre gostei de ter muitas amizades, e minha residência vivia cheia de gente, amigos dos meus filhos e filhas. Quando passamos a morar em uma casa com terraço, era ali que todos os sábados as garotas se reuniam para tomar sol, sem serem incomodadas por mim ou pela minha esposa. Depois, elas almoçavam, tomavam um banho e dormiam, para à noite, sairem para as "baladas". Nunca me importei que minhas filhas paquerassem, e jamais tive ciúmes dos namorados que arrumavam, porque sou muito liberal, e sabia, com minha experiência, que amor de juventude costuma ser passageiro. 
Mas, como todo pai, desejei que todas se casassem, na igreja, e de preferência, que tivessem filhos depois que curtissem a vida. E assim foi. Também não esperava que se separassem, mas o destino pertence a cada pessoa e duas delas se divorciaram e hoje moram sozinhas com seus filhos únicos. Interessante é que minhas meninas não seguiram a ordem de idade para se casarem, sendo a primeira da lista, a mais nova, seguida pela mais velha, depois a terceira e por último, a quarta filha. Se estão felizes, sozinhas ou acompanhadas, minha felicidade está garantida. 
Eu acredito muito nos romances, gosto de presentear quem amo e sinto muita falta de carinho dos homens com as mulheres, hoje em dia. No meu tempo era muito diferente. Quando garotos, nosso sonho era ter um emprego e um salário para comprarmos entrada para o cinema e assim, pegar na mão da menina mais linda da rua ou da escola. Aquele escurinho, as vozes dos artistas, as músicas do filme e o coração batendo forte era uma emoção indescritível. Naquela época, nossas vestimentas sequer se igualavam à de hoje: nosso cabelo engomado para trás nos deixava com a cara pelada e ressaltava nossos defeitos. As calças de tergal, feitas em casa, escoradas por suspensórios, deixava nossos corpos horríveis, repuxados atrás e na frente, parecendo roupas de palhaço. Nos pés, a mesma botina que usávamos a semana inteira no trabalho.
Eu e minha esposa, Sirlene, mostrando a casa onde ela morou na juventude
Quisera eu, nos anos 50, ter uma motoca para levar uma garota na minha garupa. E ter dinheiro para levá-la a um restaurante e lhe ofertar rosas cor-de-rosa. e, num beijo longo, dizer que ela estava lindíssima! Eu a chamaria de Rainha, depois a carregaria nos braços e a rodava, para demonstrar o meu amor gigante. Sim, sou muito romântico e sonhador, e é isso o que mantém a relação amorosa, tão estranha nos tempos modernos. Hoje, Dia dos Namorados, vou presentear minha esposa, mesmo após 50 anos de casados. Já não somos grudados como antes, mas um entende o outro e isso é o bastante. Somos do tempo em que os casais falavam com os olhos e se entendiam com a alma. Hoje, percebo que o corpo é quem fala mais alto. E ao menor sinal de raiva, casamentos são desfeitos e namorados (as) são trocados (as). 
Cada vez mais entendo que o romance se modifica numa rapidez inalcançável aos nossos olhos. Não temos mais a preocupação de agradar o outro, porque pensamos muito em nós mesmos. As relações deixaram de ser amorosas para serem, principalmente, sexuais e ninguém tem paciência para a côrte, indo logo para o ataque, sem se preocupar se os corações serão ou não destruídos com o fim da paquera. Tenho a impressão de que o tempo tem que correr e as pessoas são simples objetos, que podem ser trocados ao menor sinal de defeito, assim como os brinquedos ou aparelhos domésticos. 
Na minha época era diferente, muito diferente. Valorizávamos cada ser humano em sua totalidade. Às mulheres, tão difíceis, dávamos todo o crédito quanto mais demorado o beijo fosse. Ir para a cama só depois do casamento e olhe lá. Também não tínhamos o costume de fazer com as esposas e o que fazíamos com as mulheres da rua. Hoje tudo é mais fácil e acho até interessante esta facilidade em se transar com a namorada, mas não é tão romântico. Dava uma suadeira encontrar uma musa e ainda mais difícil era achar uma esposa. Por causa desta dificuldade, amávamos a escolhida com todo o nosso respeito e vigor. Os tempos realmente mudaram, um lado para melhor, outro para o pior. Mas, tudo pode ser, desde que o romantismo não fique esquecido. E, sinceramente, acho que o amor não está mais em voga. Foi deixado para escanteio. No entanto, cada homem pode fazer diferente. Basta respeitar sua companheira como uma dádiva do Céu. Assim, cada dia ao lado dela será uma bênção. 

Feliz dia dos Namorados,


Paulo José.

3 comentários:

  1. pai, adorei seu texto. sempre romântico e sensível com as mulheres. Beijos, te amo!!!!

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  2. Que lindo papai amei , maravilhoso te amo

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  3. obrigado, minhas meninas. amo vocês. beijos do papai paulo

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